A sustentabilidade no Brasil está intrinsecamente ligada à adoção das normas IFRS S1 e S2, emitidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB). O Brasil foi um dos primeiros países a formalizar a adoção desses padrões, demonstrando um compromisso com a transparência e a comparabilidade das informações de sustentabilidade no mercado de capitais.
O que são IFRS S1 e S2 e como impactam a sustentabilidade brasileira?
As normas IFRS S1 e S2 visam criar uma base global de relatórios de sustentabilidade, permitindo que investidores e outros usuários de relatórios financeiros avaliem o impacto de riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade e ao clima nas empresas.
IFRS S1 – Requisitos Gerais para Divulgação de Informações Financeiras Relacionadas à Sustentabilidade:
Esta norma estabelece a estrutura conceitual fundamental para a divulgação de informações materiais sobre riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade em toda a cadeia de valor de uma entidade.
Seu objetivo é auxiliar os principais usuários de relatórios financeiros (investidores e credores) a tomar decisões de alocação de recursos.
A IFRS S1 abrange todos os aspectos ESG (ambiental, social e governança), exigindo que as empresas divulguem informações sobre como a sustentabilidade afeta sua posição financeira, desempenho e fluxos de caixa.
Também requer que as empresas detalhem suas estruturas de governança e como os riscos e oportunidades ESG influenciam seus negócios no curto, médio e longo prazo.
IFRS S2 – Divulgações Relacionadas ao Clima:
É a primeira norma temática do ISSB, focada especificamente em riscos e oportunidades relacionados ao clima que podem impactar as perspectivas de uma empresa.
Baseia-se nos princípios abrangentes da IFRS S1.
Exige que as empresas divulguem informações detalhadas sobre:
Riscos físicos: impactos de eventos climáticos extremos (enchentes, secas).
Riscos de transição: mudanças regulatórias, de mercado e tecnológicas na transição para uma economia de baixo carbono.
Oportunidades relacionadas ao clima: como a empresa pode se beneficiar da transição para uma economia mais sustentável.
Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE): obrigação de reportar emissões diretas (Escopo 1), indiretas de energia (Escopo 2) e, quando relevante, emissões indiretas da cadeia de valor (Escopo 3).
Análise de cenários climáticos: avaliação da resiliência da estratégia da empresa sob diferentes cenários climáticos.
Metas climáticas: progresso em relação a metas de redução de emissões e outras iniciativas climáticas.
Impactos no Brasil:
A adoção das IFRS S1 e S2 no Brasil, por meio de resoluções da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e do CBPS (Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade), representa um avanço significativo para a sustentabilidade corporativa:
Maior Transparência e Comparabilidade: As normas padronizam e melhoram a transparência dos relatórios de sustentabilidade, proporcionando uma visão mais clara dos impactos financeiros e não financeiros das atividades empresariais. Isso facilita a comparação entre empresas e atrai investidores interessados em finanças sustentáveis.
Integração da Sustentabilidade na Governança: As IFRS S1 e S2 incentivam a integração da sustentabilidade na estrutura de governança das empresas, promovendo uma abordagem mais holística para a gestão de riscos e oportunidades.
Avaliação de Riscos e Oportunidades: As empresas são impelidas a identificar, avaliar, priorizar e monitorar os riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade e ao clima, quantificando seus potenciais impactos financeiros.
Preparação para o Futuro: A exigência de divulgar planos de transição e analisar cenários climáticos incentiva as empresas a desenvolverem estratégias mais robustas para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades da transição para uma economia de baixo carbono.
Desafios na Implementação: A implementação dessas normas exige mudanças significativas nos processos de coleta, análise e divulgação de dados, bem como a necessidade de padronização e verificação das informações. As empresas precisam investir em sistemas e capacitação para se adequarem aos novos requisitos.
Em resumo, as IFRS S1 e S2 estão moldando a forma como as empresas brasileiras reportam suas informações de sustentabilidade, promovendo maior transparência, responsabilização e integração dos fatores ESG nas estratégias de negócios. Isso não apenas fortalece a confiança dos investidores, mas também posiciona o Brasil como um player importante nas práticas de sustentabilidade global.